skip to Main Content

Imagine que não existam mais ‘subordinados’, e sim, pessoas com interesses comuns e o mesmo propósito, exercendo suas lideranças de forma integrada para desenvolver o todo. Seria este o modelo e a concepção de empresas no futuro? Seria possível praticar este modelo? Seria o momento atual o mais propício para esta implementação? Segundo Hock, Capra e alguns outros sujeitos incríveis e respeitáveis, sim!

Vinte anos depois, da apresentação por Dee Hock, no livro Nascimento da Era Caórdica, 2000, uma teoria nunca fez tanto sentido como na atualidade para nós.

O mundo estaria caminhando para uma organização caórdica? Ou já estamos nela? Se estamos nela, estariam onde nossas empresas e lideranças?

Entendendo um pouco mais sobre Caórdico adj [port caos+ordem] 1. Comportamento de qualquer organismo, organização ou sistema autogovernado que combine harmoniosamente características de ordem e caos.
2. Disposto de maneira a não ser dominado nem pelo caos nem pela ordem.
3. Característica dos princípios organizadores fundamentais da evolução e da natureza.

Uma startup com sucesso em seus resultados, constituída de jovens lideranças, com divisão de poder e de tomada de decisão, ou ainda, uma banda de jazz, onde há improviso, provocação, porém em total harmonia e capacidade de prontidão de seus integrantes, são exemplos de sistemas caórdicos. Neles há uma lógica orgânica, que funciona com base no alinhamento de seus elementos ao propósito organizacional, todos conhecem muito bem o valor e as funções dos demais, e onde estabelece-se uma ordem natural de competências e com zero competição. A competência é marca registrada, o trabalho é executado com excelência e há reconhecimento da liderança. Não há uma hierarquia tradicional, focada na imposição de poder.

Seria isto possível em qualquer organização? Sim! E a base para sua viabilidade seria a de colocar o bem comum a frente de tudo, como um produto, tão ou mais importante que o bem individual.

Sacou porque estou resgatando um tema de 20 anos atrás? Talvez esta seria a única forma possível de se construir uma sociedade mais justa e um planeta mais sustentável. Seria nossa oportunidade de dar um bye bye ao funcionamento mecanicista, entre outros Descartes – método cartesiano, do sec. XVI, que diz que o todo é simplesmente a integração de suas partes. Este modelo não traz mais nenhum benefício à humanidade. A física moderna, a partir de Einstein – Teoria da Relatividade, com a visão sistêmica do mundo, de enxergar as relações e a integração em tudo, onde a natureza do todo passa a ser entendida como sendo muito maior que a soma de suas partes, para nós, onde: “O todo é maior que a soma das partes”.

Uma máquina é construída, têm um funcionamento linear e programado, têm necessidade de manutenção externa, já os organismos vivos, são interdependentes, crescem e têm desenvolvimento cíclico, de autorrenovação, automanutenção, e que se auto-organizam, com capacidade de mutação e auto transcendência. Ritmos, flutuações, vibrações e ondas representam a sua dinâmica. Trata-se de uma superação criativa em busca do novo, propriedade fundamental da vida na Terra!

Segundo a visão sistêmica, oposta à mecanicista/cartesiana, uma organização caórdica apresenta-se sem hierarquia, onde nenhum elemento é menos importante ou menos essencial, com elementos autônomos, porém interdependentes. Todos exercem algum tipo de liderança. Não à toa, defende-se que uma pessoa na posição reconhecida de líder tem o dever para com seus subordinados de ajudá-los a identificar seu talento único e desenvolver sua liderança, para que possam ser até melhores que ele.

Então imagine que não existam mais ‘subordinados’ e sim pessoas com interesses comuns e o mesmo propósito, exercendo suas lideranças de forma integrada e para desenvolver o todo, para enfrentar o “novo normal”. Seus líderes estão preparados para o futuro? Um futuro que apresenta-se como presente?

Referências

Dee Hock, ‘Nascimento da Era Caórdica’, 2000.
Fritjof Capra, ‘Ponto de Mutação’ – The Turning Point: Science, Society, and the Rising Culture), 1982


Texto por: Luiza Ghisi | Sócia da Cuca Mundi e lghisi gente