118 dias do início do cenário pandêmico.
Nos ajustando fase a fase. A cada semana uma fase distinta da chamada quarentena. Seguimos vigilantes e nos capacitando em novas competências do universo virtual. Aprendemos a estudar, ministrar aulas, realizar treinamentos, viajar, visitar a família e celebrar ocasiões através de plataformas. E apesar do desejo e esperança de voltarmos ao presencial e estar com colegas, ao ar livre, nas empresas, em reuniões, em auditórios, nos shows em estádios, o mais breve possível, um chamado, nos direciona e nos mantém em casa, conectados ao mundo exterior pelo online.
A incerteza do quadro nos mantém reclusos e focados nas “telinhas”. Quando falo de fases distintas vividas desde o início da pandemia, estou falando de: “Se eu puder fazer online, eu vou!”. Empresas optam pela manutenção de seus colaboradores em casa, e assim, seguem a fase de adaptar e equipar os escritórios domiciliares. Reiniciam rotinas que apresentavam-se em “stand by”, e pouco a pouco atividades como treinamentos, coachings e desenvolvimento de líderes e equipes. Usando o que chamam de “ambiente seguro”, em plataformas online.
A reflexão que trago, é que vamos fazer online, vamos adaptar, ajustar, mudar, porém, a expectativa é que seja como no presencial. Um ledo engano e um grande perigo! Não será!
O tempo não é o mesmo, a atenção e concentração também não. A sensação tão pouco. A etiqueta e comunicação verbal e não verbal, funcionam de forma diferente, como horários, rotinas, interferências. A vivencia online não é a mesma do presencial embora estejamos fazendo parecer que sim, e que apenas estamos em outro lugar diferente uns dos outros. Tudo é diferente. Não devemos tentar nos enganar.
O “Se eu puder fazer online, eu vou”, está à serviço de uma condição específica de saúde, de custos e incertezas psicológicas, entretanto, peca em não atender o nosso lado gregário e coletivo. Não atende ainda, nossas sensações e emoções. Não podemos nos furtar de cuidar do impacto que estamos submetidos, ao qual não nos preparamos e sequer desejamos. Então, seria a nova fronteira do desenvolvimento repensar as competências ao mundo do vou fazer online?
Por Luiza Ghisi